A Origem do Rito Adonhiramita
Maçonaria

A Origem do Rito Adonhiramita



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Discutir a Origem do Rito, é necessário abordar com muita coragem, e com documentos, uma vez que o tema é extremamente polemico e para alguns, até tabu. Entretanto, se faz necessário a derradeira elucidação da Origem do Rito. Muito se tem falado, escrito e divulgado sobre a origem do Rito. Há algumas versões, que chegam a ser até cômica. A grande maioria das versões são especulações e o que é pior, sem provas documentais. Infelizmente, essas especulações só vem denegrir o o Belo Rito. 

O mais antigo documento conhecido referindo-se ao mestre arquiteto do Templo sob a denominação de Adonhiram é o Cathécisme des Francs Maçons ou Le Secret des Francs Maçons (Catecismo dos Franco-Maçons ou O Segredo dos Franco-Maçons), editado em 1744, de autoria, possivelmente, um abade, cujo nome seria Leonardo Gabanon. Em 1730, nasceu o Théodore de Tschoudy, considerado o organizador da segunda parte da obra Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite (Compilação Preciosa da Maçonaria Adorinamita), cuja primeira edição ocorreu em 1787. O Barão Tschoudy foi membro do parlamento de sua cidade natal, Metz, França, onde residiu de 1756 a 1765.


Maçom entusiasta e estudioso, Tschoudy utilizou seu aguçado espírito crítico para bater-se contra a proliferação desordenada dos altos graus do Rito de Heredom, do qual derivariam alguns dos ritos atuais, como o escocês, o moderno e o Adonhiramita. Inicialmente, Tschoudy se propôs a reformar os graus então existentes, reduzindo-os a quinze e depurando-os de tudo o que não fosse fiel à tradição maçônica. Em 1766, Tschoudy publicou L'Étoile Flamboyante ou La Société des Francs-Maçons (a Estrela Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons), obra em que propôs a criação de uma nova Ordem de altos graus, a Ordem da Estrela Flamígera, com três graus: Cavaleiro de Santo André, Cavaleiro da Palestina e Filósofo Desconhecido. Desentendendo-se com os membros do novo Conselho, dedicou-se ao já citado Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite.

Théodore Henry Barão de Tschoudy

Alguns autores, porém, atribuem a autoria da Compilação a Louis Guillemain Saint-Vitor. Esta interpretação foi feita por Ragon, que citou este último autor em seu ritual de mestre, na bibliografia nele mencionada. A confusão se deve à divisão da obra em duas partes, de estilos totalmente diferentes, sendo, a primeira, pródiga em notas e explicações, enquanto a segunda é lacônica e breve. Deduzem, os estudiosos, que a primeira parte foi escrita por Saint-Vitor e a segunda, por Tschoudy, em data anterior àquela.

A Compilação, aceita-se hoje, foi publicada em dois volumes, em 1787, incluindo os graus simbólicos, graças a Saint-Vitor, que os escreveu pouco antes da publicação, ou seja, quase vinte anos depois da morte de Tschoudy. A primeira parte da Compilação era relativa aos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. A segunda, compreendia os graus de perfeição: Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove, Segundo Eleito Nomeado de Pérignan, Terceiro Eleito Nomeado eleito dos Quinze, Pequeno Arquiteto, Grande Arquiteto ou Companheiro Escocês, Mestre Escocês, Cavaleiro da Espada Nomeado Cavaleiro do Oriente ou da Águia, Cavaleiro Rosa Cruz e O Noaquita ou Cavaleiro Prussiano.

O Imperador Napoleão Bonaparte

Na Europa, o Rito Adonhiramita foi praticado na França e em Portugal, difundindo-se das colônias e sendo o preferido da armada napoleônica. Com a difusão do Rito Francês ou Moderno, o Rito Adonhiramita começou a ser abandonado, restringindo a sua prática ao Brasil, onde se encontra a sua Oficina Chefe. Graças a isso, o Rito manteve a sua pureza original e não sofrendo as influências do teosofismo, ocorrida com os outros ritos no final do século XIX.

Em Portugal, a primeira Loja Maçônica se instalou em 1727, sendo regularizada pela Grande Loja de Londres em 1735, denominada Hereges Mercantes. Na Loja de Coimbra, fundada em 1773, encontravam-se os brasileiros Antônio de Morais Silva, Antônio Pereira de Souza Caldas, Francisco de Melo Franco e Joaquim José Cavalcanti. Igualmente, em outras lojas, em Lisboa e no Funchal, existiam irmãos brasileiros.

Em 18 de fevereiro de 1722, foi inaugurada a Academia Científica, fundada no ano anterior, com o apoio do então Vice-Rei D. Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d'Eça e Melo Silva Mascarenhas, Marquês de Lavradio. Em 6 de junho, adota o nome de Sociedade Literária Rio de Janeiro, funcionando até 1790, quando a devassa da Inconfidência Mineira suspendeu os seus trabalhos. Essa Academia é tida, hoje, como uma loja maçônica disfarçada, como sugerem alguns textos posteriores como o que se segue, de autoria do Barão do Rio Branco, em Efemérides Brasileiras:

"Uma divisão naval francesa, comandada pelo Capitão Landolphe, tendo cruzado alguns dias perto da barra do Rio de Janeiro, fez algumas presas e segui, nesta data, para o Norte. Na altura de Porto Seguro, encontrou-se com a esquadra do comodoro inglês Rowley Bulteel, e no combate renderam-se duas fragatas francesas. Os prisioneiros foram entregues no Rio de Janeiro, ao Vice-Rei, Conde de Resende. Refere o Comandante Landolphe, que foi bem tratado, porque era pedreiro-livre. Um dos filhos do vice-rei levou-o a uma festa maçônica - introduzindo-o no recinto do templo - diz ele em suas memórias, ouvi, com muito prazer, o discurso do venerável..."

Vice-Rei Conde de Resende

Outro fato importante, que poucas obediências de outros países possuem, é o manifesto, como prova de regularidade de origem da Maçonaria Brasileira, através de uma Loja Adonhiramita - A Loja Reunião - que se subordinava ao Grande Oriente de França. Em 1815, foi fundada a Loja Comércio e Artes que, com a divisão do seu quadro, formou outras duas: a Loja União e Tranqüilidade e a Loja Esperança de Niterói. Essas lojas adonhiramitas fundaram, em 17 de junho de 1822, o Grande Oriente do Brasil.


Em 1839, a Constituição do Grande Oriente do Brasil criou o Colégio dos Ritos, incluindo o Rito Adonhiramita. Em 1851, foi criado o Colégio dos Ritos Azuis e em 1873, o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas, também pelo Grande Oriente do Brasil. Após a separação da Maçonaria Brasileira, os graus simbólicos ficaram com o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas e os Altos Graus jurisdicionados às respectivas Oficinas Chefes dos Ritos. Em 2 de junho de 1973, o Mui Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil instituiu os graus de Kadosh e aumentou o número de graus para trinta e três. A partir dessa data, o governo das Oficinas Litúrgicas do Rito Adonhiramita ficou a cargo do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita.





O Rito Adonhiramita é o segundo mais praticado no Brasil, com especial concentração nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Pará. Atualmente, ele é reconhecido pelas potências maçônicas regulares, participantes da Confederação Maçônica Interamericana e Grande Oriente do Brasil.


Os Graus do Rito Adonhiramita


Primeiro grau: APRENDIZ;

Segundo grau: COMPANHEIRO;

Terceiro grau: MESTRE;

Quarto grau: MESTRE PERFEITO

Quinto grau: PRIMEIRO ELEITO ou ELEITO DOS NOVE;

Sexto grau: SEGUNDO ELEITO ou ELEITO DE PERIGNAM

Sétimo grau: TERCEIRO ELEITO ou ELEITO DOS QUINZE

Oitavo grau: APRENDIZ ESCOÇÊS ou PEQUENO ARQUITETO

Nono Grau: COMPANHEIRO ESCOÇÊS ou GRANDE ARQUITETO

Décimo grau: MESTRE ESCOÇÊS

Undécimo grau: CAVALEIRO DA ESPADA ou CAVALEIRO DO OCIDENTE / DA ÁGUIA

Duodécimo grau: CAVALEIRO ROSA CRUZ


Pesquisa e Autoria: Ir.´. Daniel Martina
Biografia: 
A Trolha - nº 107 setembro de 1995 

Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita Brasil/Portugal




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